terça-feira, 27 de agosto de 2013

EDUCADORES INDIGNADOS

Publicamos esta carta atendendo aos  professores e professoras indignados /as com a situação em que se encontram na Rede Municipal de Educação de Sete Lagoas.





EDUCADORES INDIGNADOS
Nós, professores em ajustamento funcional da Prefeitura de Sete Lagoas, estamos indignados com a fala do Senhor Prefeito no Programa da Rádio Eldorado do dia 05/07/2013. Trabalhamos muito e, na maioria das vezes, não temos tempo para ouvir programas de rádio.  Ficamos  sabendo deste programa por intermédio de terceiros e não acreditamos que um homem público, no qual  a população de Sete Lagoas depositou tantas esperanças ,  que está ocupando e que já ocupou tantos cargos importantes como representante do povo de Sete Lagoas e região, pudesse se referir a educadores de uma forma tão ofensiva. Após ouvir a gravação do referido programa, nos unimos com o mesmo sentimento de tristeza e indignação para darmos uma resposta  às acusações tão injustas. ACREDITAMOS VIVER EM UM PAÍS DEMOCRÁTICO e não poderíamos deixar de exteriorizar o nosso sentimento de revolta. Estamos nos sentindo como lixo que é descartado depois de ser usado. Sim, a maioria de nós professores nesta situação perto da aposentadoria, dedicamos muitos anos de nossas vidas ao exercício do magistério e só estamos fora de sala de aula por problemas de  saúde. O Senhor Prefeito está equivocado quando disse “que ficamos passeando pela escola, batendo nas portas das comadres”. Tanto nós, professoras em ajustamento funcional, quanto as nossas colegas que estão em sala trabalhamos muito e definitivamente, não temos tempo para nos comportar como “comadres”. Sim, mesmo não estando em sala de aula temos a consciência tranquila que estamos contribuindo com a educação, prestando vários serviços dentro da escola. Enfrentamos doenças (muitas delas graves, que deixaram sequelas físicas e psicológicas) adquiridas pelo trabalho desgastante e mal remunerado, obrigando-nos a jornadas duplas para cumprir com nossas despesas. Tais doenças  foram atestadas e periciadas por médicos especialistas e conceituados, que têm ética profissional e  um nome a zelar. Não arriscariam o CRM deles nos colocando “na readaptação da malandragem” como foi falado pelo nosso prefeito. Qualquer ser humano está sujeito a doenças e o direito a readaptação ao trabalho é assegurado a todos, não só aos da área de educação, nem tão pouco, às professoras da prefeitura desta cidade; por isso, “não estamos consumindo o dinheiro da prefeitura” sem ter este direito. Cursamos anos de faculdade em busca de formação. Somos  graduadas e pós graduadas, prestamos concurso público; portanto, recebemos nosso salário como profissionais da educação, que somos.   A educação está falida, por causa da falta de respeito com os professores. Como poderemos ser respeitados como educadores e funcionários públicos pela população que escuta falas tão infelizes em uma estação de rádio, ditas por uma autoridade do nosso município?  Não podemos nos calar diante de tanto desacato. Seria como, se estivéssemos concordando com falas tão injustas, a nosso respeito. Foram cortados 30% do nosso salário, através de Decreto. Uma ação autoritária que prejudica trabalhadores que não têm um plano de saúde oferecido pela nossa prefeitura, que não recebem fundo de garantia, nem seguro desemprego e muito menos o piso salarial do magistério, que é lei nacional. Não temos um plano de carreira e estamos perdendo os poucos direitos adquiridos. Matamos um dragão por dia, para sobrevivermos e tratar da saúde com o salário que recebemos. Há alguns anos,  as faculdades não conseguem formar turmas para cursos presenciais nas áreas de educação. Já estão faltando professores habilitados para a carreira do magistério. Muitas vezes, são contratados professores “autorizados”; muitos ainda, estudantes, que “pegam bico” até se formarem em profissões mais respeitadas e valorizadas.   Temos dignidade e exigimos respeito. O mínimo que esperamos é sermos retratadas publicamente pelo homem que a população elegeu para gestor do nosso município. Na  maioria dos países desenvolvidos,  os professores que estão na ativa e, principalmente, os que estão em fim de carreira são tratados com respeito e são valorizados. É o que  esperamos de todos, principalmente, dos homens e mulheres que ocupam cargos públicos neste país.

Colegas,
Somos a minoria, pouco mais de duzentos professores em ajustamento em nosso município, segundo o Sind-Ute e não trezentos e noventa como disse o prefeito. Mesmo estando fora da regência, somos professores e pertencemos à classe que têm nas mãos o poder de informar a população e assim formar cidadãos conscientes dos seus direitos.  Lembrando a fala do Papa que recentemente esteve em nosso país, ao se referir à “Parábola do Bom Samaritano” que faz alusão às pessoas que acham que o que está acontecendo não é com elas, e  por isso, não devem se comprometer.  Sabemos que, infelizmente, alguns pensam desta forma causando, assim, a desunião da nossa classe. Estamos vivendo um grande retrocesso em nosso município. Precisamos nos unir! Contamos com todos vocês.


AGOSTO /2013




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