Publicamos esta carta atendendo aos professores e professoras indignados /as com a situação em que se encontram na Rede Municipal de Educação de Sete Lagoas.
EDUCADORES INDIGNADOS
Nós, professores em ajustamento funcional da Prefeitura de
Sete Lagoas, estamos indignados com a fala do Senhor Prefeito no Programa da
Rádio Eldorado do dia 05/07/2013. Trabalhamos muito e, na maioria das vezes,
não temos tempo para ouvir programas de rádio.
Ficamos sabendo deste programa
por intermédio de terceiros e não acreditamos que um homem público, no qual a população de Sete Lagoas depositou tantas
esperanças , que está ocupando e que já
ocupou tantos cargos importantes como representante do povo de Sete Lagoas e
região, pudesse se referir a educadores de uma forma tão ofensiva. Após ouvir a
gravação do referido programa, nos unimos com o mesmo sentimento de tristeza e
indignação para darmos uma resposta às
acusações tão injustas. ACREDITAMOS VIVER EM UM PAÍS DEMOCRÁTICO
e não poderíamos deixar de exteriorizar o nosso sentimento de revolta. Estamos
nos sentindo como lixo que é descartado depois de ser usado. Sim, a maioria de
nós professores nesta situação perto da aposentadoria, dedicamos
muitos anos de nossas vidas ao exercício do magistério e só estamos fora de
sala de aula por problemas de saúde. O
Senhor Prefeito está equivocado quando disse “que ficamos passeando pela
escola, batendo nas portas das comadres”. Tanto nós, professoras em
ajustamento funcional, quanto as nossas colegas que estão em sala trabalhamos
muito e definitivamente, não temos tempo para nos comportar como “comadres”. Sim, mesmo não estando em
sala de aula temos a consciência tranquila que estamos contribuindo com a
educação, prestando vários serviços dentro da escola. Enfrentamos doenças
(muitas delas graves, que deixaram sequelas físicas e psicológicas) adquiridas
pelo trabalho desgastante e mal remunerado, obrigando-nos a jornadas duplas para
cumprir com nossas despesas. Tais doenças foram atestadas e periciadas por
médicos especialistas e conceituados, que têm ética profissional e um nome a zelar. Não arriscariam o CRM deles
nos colocando “na readaptação da
malandragem” como foi falado pelo nosso prefeito. Qualquer ser humano está
sujeito a doenças e o direito a readaptação ao trabalho é assegurado a todos,
não só aos da área de educação, nem tão pouco, às professoras da prefeitura
desta cidade; por isso, “não estamos
consumindo o dinheiro da prefeitura”
sem ter este direito. Cursamos anos de faculdade em busca de formação.
Somos graduadas e pós graduadas,
prestamos concurso público; portanto, recebemos nosso salário como
profissionais da educação, que somos. A
educação está falida, por causa da falta de respeito com os professores. Como
poderemos ser respeitados como educadores e funcionários públicos pela
população que escuta falas tão infelizes em uma estação de rádio, ditas por uma
autoridade do nosso município? Não
podemos nos calar diante de tanto desacato. Seria como, se estivéssemos
concordando com falas tão injustas, a nosso respeito. Foram cortados 30% do
nosso salário, através de Decreto. Uma ação autoritária que prejudica
trabalhadores que não têm um plano de saúde oferecido pela nossa prefeitura,
que não recebem fundo de garantia, nem seguro desemprego e muito menos o piso
salarial do magistério, que é lei nacional. Não temos um plano de carreira e
estamos perdendo os poucos direitos adquiridos. Matamos um dragão por dia, para
sobrevivermos e tratar da saúde com o salário que recebemos. Há alguns
anos, as faculdades não conseguem formar
turmas para cursos presenciais nas áreas de educação. Já estão faltando
professores habilitados para a carreira do magistério. Muitas vezes, são
contratados professores “autorizados”; muitos ainda, estudantes, que “pegam
bico” até se formarem em profissões mais respeitadas e valorizadas. Temos dignidade e exigimos respeito. O
mínimo que esperamos é sermos retratadas publicamente pelo homem que a
população elegeu para gestor do nosso município. Na maioria dos países desenvolvidos, os professores que estão na ativa e,
principalmente, os que estão em fim de carreira são tratados com respeito e são
valorizados. É o que esperamos de todos, principalmente, dos homens e mulheres que ocupam cargos públicos neste
país.
Colegas,
Somos a minoria, pouco mais de duzentos professores em ajustamento em nosso município, segundo o Sind-Ute e não trezentos e noventa como disse o prefeito. Mesmo estando fora da regência, somos professores e pertencemos à classe que têm nas mãos o poder de informar a população e assim formar cidadãos conscientes dos seus direitos. Lembrando a fala do Papa que recentemente esteve em nosso país, ao se referir à “Parábola do Bom Samaritano” que faz alusão às pessoas que acham que o que está acontecendo não é com elas, e por isso, não devem se comprometer. Sabemos que, infelizmente, alguns pensam desta forma causando, assim, a desunião da nossa classe. Estamos vivendo um grande retrocesso em nosso município. Precisamos nos unir! Contamos com todos vocês.
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