A reunião foi fruto da vigília
dos educadores na porta da ALMG
A abertura
de um processo sério de negociação com o Governo do Estado – este é o clamor
que move hoje os servidores públicos estaduais. Cerca de dois mil trabalhadores
em educação de diversas categorias lotaram a entrada principal do prédio da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde dessa quinta-feira
(03/04), para cobrar um posicionamento do governador e a abertura de negociação
com a categoria
Eles
permaneceram mobilizados, em vigília, na frente do prédio da ALMG, até
conseguirem uma posição do governo, abrindo negociações. A resposta só veio por
volta das 22h30, quando foi confirmada reunião com o governo para esta
sexta-feira (04/04), às 15 horas. A segurança da Casa fechou as portas de
entrada e saída da ALMG e a categoria ficou dividida – parte na porta da
Assembleia e o restante no hall principal. Os educadores protestaram.
O ato contou
com a participação de integrantes dos movimentos estudantis - União Colegial do
Estado de Minas (UCMG) e União dos Estudantes Secundaristas de Minas Gerais
(UEE/MG), que levaram seus apoios ao movimento. “Os estudantes são os grandes
afetados pela Lei 100, porque sem professores não tem educação”, defenderam os
presidentes da UCMG, Francisco Faria e Paulo Sérgio de Oliveira, da UEE/MG,
respectivamente.
A
coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas
Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, afirmou que o governo Anastasia foi
marcado pela ausência da negociação coletiva, pela judicialização e
criminalização da luta sindical. ”O governo de Minas adotou essa estratégia,
para tentar desarticular a organização sindical e diminuir a sua capacidade de
luta e mobilização”, afirmou.
Outra constatação foi a de que a Secretaria de
Estado da Educação (SEE), atuou diretamente na abertura de processos
administrativos-disciplinares contra lideranças do movimento sindical, além da
punição aos trabalhadores que participaram da greve de 2011,
já que foram
impedidos de assumirem funções de direção ou foram sumariamente demitidos.
“O
legislativo estadual fechou as portas para os servidores. Nossa união fortalece
o coletivo e vamos nos lembrar desses episódios nas eleições de 2014. Exigimos
respeito e continuaremos na luta até sermos atendidos”, reforçou Beatriz
Cerqueira.
Na avaliação
de Beatriz Cerqueira, foi um dia marcante e de surpreendente mobilização da
categoria, com paralisação das escolas de todas as regiões do Estado e o apoio
dos estudantes, que garantiram, com muita luta, a marcação da reunião com o
governo. A direção do Sindicato considera lamentável a agressão sofrida pela educadora Mirtes,
dentro da Assembleia Legislativa. Foi registrada ocorrência e o fato será
apurado.
Coletiva de
Imprensa
Enquanto os
trabalhadores em educação de Minas Gerais iam ocupando o hall de entrada da
ALMG, dirigentes de diversos sindicatos do funcionalismo público, entre eles o
Sind-UTE/MG, concediam coletiva, na Sala de Imprensa. Representantes da
Educação, Saúde, Polícia Civil, Eletricitários, Auditores Fiscais, Professores
das Universidades Estaduais (UEMG e UNIMONTES) fizeram um balanço da gestão
Anastasia e denunciaram, além da falta de investimentos, a existência de
equipamentos sucateados e os baixos salários de todo o funcionalismo público.
O
ex-presidente do Sindifisco/MG, Lindolfo Fernandes, informou que a dívida do
Estado passou, nos últimos oito anos, de R$34 para R$85 bilhões, além da
redução de gastos com a área social. Disse ainda que o governo abriu mão de
R$10 bilhões de renúncia fiscal e afirmou que Minas Gerais ocupa a 24ª posição
no ranking nacional na aplicação de verba em saúde e na educação.
O
coordenador do Sindieletro/MG, Jairo Nogueira, falou que no setor elétrico uma
das maiores preocupações são as terceirizações. “Tememos o apagão técnico em
função das demissões, já que os terceirizados, às vezes, não sabem operar as
máquinas e equipamentos – não por desconhecimento, mas por falta de preparo e
treinamento disponibilizados pela empresa. Este governo não vai deixar
saudade.”
O presidente
do Sindipol, Denilson Martins, também fez críticas à condução do setor de
segurança na atual gestão. “Há oito anos, reivindicamos aumento do quadro
efetivo e não temos sido atendidos. Fizemos 156 dias de greve e hoje foi aberto
concurso para mil vagas. Neste período, os crimes no Estado aumentaram em torno
de 600%.”
O presidente
do Sindicato dos Professores da UEMG, Nelson Ribeiro, revelou uma situação
preocupante. “Para nós, do ensino superior, após o julgamento do STF sobre a
Lei 100, vivemos um quadro caótico, é preciso rever esta questão.” Ele informou
será realizado um ato na segunda-feira (07/04), na Rua Paraíba, número 29, às
14h, para definir estratégias e buscar novos caminhos para a categoria. Afirmou
ainda que semelhante situação vivem os servidores da UNIMONTES, onde mais da
metade dos professores são efetivados e não há concurso público há 12 anos.
O diretor do
SindSaúde, Renato Barros, denunciou a arbitrariedade deste governo. “Os
concursos na Fundação Ezequiel Dias (Funed), Fundação Hemominas e Fundação
Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) só aconteceram por força de decisão
judicial”. Falou da falta de investimento no setor e exemplificou com o recente
episódio de descaso - o alagamento nos setores de Tomografia e Raio X do
Hospital João XXIII.
Durante a
coletiva de Imprensa, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira,
apresentou o Balanço do Governo Anastasia, sob o olhar dos trabalhadores em
educação.(wwwsindutemg.org.br)